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Mais um dia de chuva no Rio de Janeiro. Apesar de algumas reclamações, gosto desse tempinho. Daqui a pouco vem aquele calor senagalês e a gente lembra da chuva com uma saudade incrível. Tudo bem que no final de semana podia rolar aquele solzinho suficiente para a gente andar na praia, ver gente indo e vindo. O Rio de Janeiro não combina com chuva, esse é o problema. Mas vamos seguindo com esse tempinho lesco-lesco, já quase sem roupa para vestir. É ... casacos fazem falta ...

Ontem à noite, na Saraiva do Rio Sul, lendo a a revista Oi, percebo como a vida da gente pode parecer chata. Ou, como a vida dos outros nos é vendida de uma forma que a nossa parece chata. Toda aquela gente descolada, sempre com a roupa da moda, indo aos melhores lugares, viajando o mundo. Isso me lembra um filme, com Robert De Niro. Em determinado momento do filme, ele, que é um simples motorista de ônibus, diz ao filho, deslumbrado com os mafiosos do bairro, que é fácil ser mafioso. Difícil mesmo é ser motorista de ônibus, acordar todo dia na mesma hora, fazer o mesmo percurso, aturar as mesmas pessoas. Difícil é ganhar a vida, de forma simples e honesta. Vendo aquela gente descolada, fiquei pensando nisso. Fico pensando nessas pessoas até com uma certa inveja e lembro que algumas vezes, quando conheci de fato pessoas assim, descobri que muitas delas não fizeram ou fariam metade das coisas que eu fiz.

É isso mesmo. Um dia depois do outro. Larguei a revista Oi e fui para a Viagem. Depois para um guia de finanças pessoais e depois saí da livraria. Gosto de livros. Tenho uma pilha para ler e nunca termino. Domingo à noite na livraria da Travessa, onde fui tomar um café, li a primeira linha de "O Matador". "Tudo começou quando perdi uma aposta". Gosto de livros que começam assim, misteriosos. Ao mesmo tempo reveladoras. Com surpresa descobri que o ótimo ator Ethan Hawke (é assim que escreve?) escreveu um livro que, segundo a crítica, é muito bom. Vamos ler para ver qual é.