fevereiro 28, 2003

A primeira vez a gente nunca esquece

Para quem não sabe (também) nasci em Salvador em 11/7/1972. Portanto, pulo carnaval desde que em entendo por gente. Quando criança, brincava na linda cidade de Serrinha-city, a 30km de Feira de Santana, cidade pequena porém decente. Adolescente, pulei dez anos no bloco Eva, onde me acabava de ficar com febre quarta-feira de cinzas. A partir de 1994 parei de sair em bloco, pulando na pipoca. Depois que comecei a trabalhar (de verdade) intercalo meus carnavais aqui e ali.

Todo esse blá, blá, blá foi para introduzir o trepidante assunto que contarei a seguir. A primeira vez que vi um desfile de escola de samba. Na televisão aquilo tudo sempre me pareceu muito chato. Um baticum repetitivo. Achava até ver ao vivo em cores. Na avenida tudo fica grandioso, gigantescamente bonito. Ópera "made in Brazil", coisa de enlouquecer qualquer roteirista. Uma história contada em ritmo, já pensou?

Cobri o desfile no tricampeonato da Imperatriz. Eu adoro quando a Imperatriz ganha. Todos se revoltam e fica aquela discussão se vale o desfile técnico ou o desfile com emoção. Bobagem de perdedor. Vale o desfile da escola que não erra. Não adiante levantar a arquibancada e atrasar no samba, abrir buraco no desfile e sair com fantasias horrorosas. Eu, que não entendo picas de samba e/ou desfile, vi que a União da Ilha, com suas fantasias com torres de petróleo, ia cair. Vi também que a Imperatriz, linda de morrer, ia chegar entre as três.

Se eu fosse jurada, naquele ano a Beija Flor seria campeã. O carro da macumba era sensacional. Dava medo, assustador e belíssimo. Vendo de perto os carros ganham uma dimensão incrível. A bateria arrepia os mais incrédulos. Foram duas noites extremamente cansativas, mas superdivertidas.

Comecei o desfile na concentração de uma escola que agora não lembro. Fui para o "esquenta" da bateria e logo ganhei um tapa-ouvido de um piedoso ritmista. Na Unidos da Tijuca entrevistei uma Alessandra Negrini já meio gorozada. Fiquei 40 minutos acompanhando cada movimento da toop Gisele Bundchen e pude ver que ela é ma-ra-vi-lho-sa. Mario Testino, o fotógrafo, ligado a 220 volts. O cara não parava de pular um minuto!

Na hora do lanche quase fui pisoteada pelos seguranças do Silvio Santos. O cara parece de brinquedo. É o rei do marketing. Quando subiu no carro a galera veio abaixo. Ainda bati um papinho com a Hebe, sentadinha num gelo baiano e com medo de subir no carro. Babei pela bateria da minha escola, Império Serrano, e descobri que eles usam frigideiras no lugar de tamborins para acelerar o ritmo. Luciana Gimenez, também mais pra lá do que pra cá, falou comigo um papo nonsense. Entrevistei Paulo Zulo trocando de roupa e confesso que prestei muita (ou nenhuma) atenção no que ele falou. Babei hor-ro-res pelo Beto Simas (estava pisando na capa dele, que me cutucou e rindo pediu licença. Covardia ...) e tive um papo surreal com Luzia Brunet.

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