dezembro 05, 2002

Guerra civil

Como se não bastasse todos os problemas que nós, moradores do Rio de Janeiro, enfrentamos todos os dias, eis que agora somos obrigados a assistir o confronto entre camelôs e policiais no Centro da cidade. A cena se repete há dias e me faz pensar que estamos mais próximos de ser uma Faixa de Gaza com direito a praia e sol. Uma olhada rápida nos principais jornais de hoje e lá vemos fotos de uma quase guerra civil nas principais ruas da cidade. A incompetência generalizada do nosso poder público chega a causar constrangimento. Para piorar, o prefeito Cesar Maia assume ares de imperador e diz que se for preciso, novos combates serão vistos. Para um prefeito, que se diz tão bom administrador, não sei onde Cesar Maia quer chegar.

Confrontos violentos em pleno Centro da cidade do Rio de Janeiro é ruim para todos. Ruim para a cidade, para os comerciantes, para a população, para o Brasil. Mostra que não há diálogo, não há comando. Sobra violência, intolerância e intransigência.

Não há turismo ou economia que cresca o que se sustente num Estado tão bagunçado quanto o Rio. A cidade sofre, se empobrece e sobrevive de uma fama passada ou de poucos momentos onde o Rio é realmente uma cidade maravilhosa. A bela festa na Lagoa Rodrigo de Freitas ou a vista do Morro Dois Irmãos num domingo de sol não nos faz esquecer as mazelas que parecem deixar nossa cidade em estado tão doente. Não sou dessas pessoas que acham que os fracos resultados do futebol carioca sejam reflexo desse processo de empobrecimento da cidade. São problemas isolados que mostram apenas uma crescente alienação da população. Assiste-se a tudo e depois pessoas de camisas brancas enchem as praias pedindo paz.

Pois isso de nada adianta enquanto formos coniventes com tudo que acontece. Camelôs são ilegais, mas precisam trabalhar. Não defendo nenhum dos lados, mas a solução não vem da violência. O camelô vende porque é mais barato. A população compra porque não tem muito dinheiro. Camelôs não são privilégio do Brasil. Eles existem em muitas cidades. Mas em qualquer lugar, com exceção do Brasil, busca-se solução. O problema aqui é o desmando, a impunidade. Seguranças particulares tomam o lugar de autoridades pública, que por sua vez mostram truculência.

A nós, cabe lamentar.

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