janeiro 18, 2006

Eu odeio a meia-entrada

Antes de publicar meu desabafo, reproduzo aqui uma parte da coluna do Artur Xexéo:

Durante algumas colunas, foi comentada aqui a queda ? um fenômeno mundial ? do público de cinema. Leitores se manifestaram culpando o preço do ingresso pela fuga dos espectadores das salas de cinema. Mas, como tudo na vida, essa questão também tem um outro lado. Vai aqui, então, o outro lado, no depoimento do veterano exibidor Ugo Sorrentino:

?O grande vilão não é o exibidor, nem o distribuidor, nem a economia. É a meia-entrada. Hoje, se você tem menos de 21 anos ou mais de 60 anos, ou se tem carteira de estudante de corte e costura ou de digitador, ou se for professor, você paga meia-entrada. Isto é a lei.
O preço médio do ingresso, conforme o ?Filme B? ( boletim brasileiro com noticiário sobre o mercado cinematográfico ), é de R$ 7, 81. De segunda-feira a quinta-feira, existe um preço promocional e, geralmente, na quarta-feira os cinemas fazem ainda um desconto maior. Ora direis, por que não fazê-lo sempre ? A resposta é que existem cidades como Fortaleza, Recife e Salvador, por exemplo, em que a meia-entrada chega a 65% dos ingressos vendidos. Já a cidade de Porto Alegre, que é a única capital onde não existe a meia-entrada, tem o preço médio mais barato do Brasil.


Infelizmente, a meia-entrada é uma forma demagógica de o governo substituir o seu apoio à cultura por benesses com o bolso alheio, obrigando o exibidor, que é uma atividade privada e não uma concessão, a dar descontos para várias categorias de forma indiscriminada. A meia-entrada existe tanto na sessão de 14h de segunda-feira como na de 20h de sábado.
Por que não fazer determinadas sessões para estudantes e outras para todo o povo brasileiro a um preço mais reduzido e sem os 50% de desconto? Por que o engenheiro, o industrial ou o desempregado também não têm direito à meia-entrada?
Que tal pararmos para refletir??


Eu já parei para refletir e depois de ver o preços dos atuais ingressos para show, decidi detestar com todas as minhas forças a meia-entrada. Paralamas do Sucesso: R$ 90. Margareth Menezes: R$ 80. Pode? Não pode. Enquanto o estudante paga a meia, eu pago a minha e a dele. Só que nós dois vemos o show na mesma condição. Acho um absurdo que a carteira de estudante seja dada de forma indiscriminada a qualquer lesma que esteja fazendo um cursículo de pportuguês. Pra variar, falta critério. Carteira de estudante é pra quem estuda. Primário, secundário, universitário, pós, mestrado e doutorado. E só. Acabou. Não vale curso de inglês. Não vale curso de dois meses. E fica essa bagunça, esse bunda le-lê.

Portando, morte a carteira de estudante. Odeio. Quero que acabe. Vou reproduzir para deixar mais claro:

Por que não fazer determinadas sessões para estudantes e outras para todo o povo brasileiro a um preço mais reduzido e sem os 50% de desconto?

Tá falado.

11 comentários:

Anônimo disse...

E dependendo do show, o % de meia ainda é maior. Meu namorido produziu um show em SP, e mais de 90% foi de meia entrada.

Se vc olhar o preço da meia, nem é tão caro. Mas o organizador tem que fazer baseado nisso, se não pode tomar um puta prejuízo. Agora, além de jogar com a sorte se o artista vai chamar muito público, se é no dia do mês que o povo está com dinheiro, se tem algum outro evento no mesmo dia, se os ônibus vão estar em greve, se vai chover... ainda tem que adivinhar quantos "estudantes" vão aparecer.

Anônimo disse...

Acho que tinha que estabelecer um critério justo, acredito que o acesso a eventos e espetáculos devem ser facilitados mesmo. Mas, como estou sendo fascinado por você pensei até em colaborar com uma sugestão, que não fica só a favor dos produtores e velhacos de espetáculos, nem a porta aberta para esculhambação das carteirinhas de meia entrada. Uma definição por faixas etárias, até cinco anos x, até dozey, até 18 75%, e os professores os estudantes em geral só ganhariam o beneficio da meia entrada se fossem credenciados em algum programa de atendimento voluntário em alguma creche, penitenciária ou asilo, e o governo pagaria esse dia de trabalho voluntário em espécie para o fundo de patrocinio de festas, shows e coisas que valham mais de uma entrada.

Anônimo disse...

Mas a meia-entrada só vale mesmo pra esses estudantes que você falou. Primário, secundário, etc, etc, até doutorado. Cursinho de inglês, pré-vestibular, essas coisas, não tem direito à meia-entrada.

Tenta comprar meia-entrada num cinema com carteirinha de curso de inglês. Não consegue.

Mas o problema é que muitas vezes essas pessoas conseguem fazer a carteirinha da une com qualquer comprovante. E aí, com a carteira da une, qualquer um vira estudante.

Anônimo disse...

No dia em que uma entrada de cinema começar efetivamente a custar metade do que custa, eu até penso em ser contra a meia entrada.

Se você parar pra pensar bem, um cidadão normal médio só tem os fins de semana pra curtir bem seu momento no cinema.

Daí, se ele 4 vezes por mês ao cinema, ele terá gasto a miséria de R$64, ou seja, o equivalente 50kg de arroz. Ou 10kg de carne de segund. Ou ainda a 100 sabonetes LUX, ou por fim a 20 garrafas de quase 3 litros de coca-cola. Ou um sapato na DiSantinni. Ou duas a três camisas na C&A. Ou uma boa calça na Taco ou outras lojas.

O que eu não acho justo é penalizar ou culpar quem tem direito a meia entrada pela ganancia dos distribuidores de filmes ou promotores de shows e outros eventos...

Anônimo disse...

Nara,
Eu não reclamo mais das coisas que estão erradas, sabe por que? porque está TUDO errado! TUDÔÔ !! Se eu for parar pra reclamar de tudo que está errado eu não vou fazer outra coisa. Hoje a minha postura é a seguinte: quando eu encontro alguma coisa errada eu me pergunto "eu tenho como resolver essa merda?" se a resposta for sim, eu vou lá e resolvo, se for não, eu toco o foda-se e sigo com a vida. não paro mais pra reclamar de nada...
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tá errado? tá.
eu vou resolver? não.
então foda-se...
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beijos,
josé augusto

Ana Paula disse...

O pior são as carteiras falsas,que neguinho acha super correto.

Aztronauta disse...

Nara, faz tempo que eu não apareço por aqui... Falta de tempo... Nesse caso da meia entrada, tenho que discordar de vc... Pra mim, é a melhor invenção da humanidade... Faço faculdade numa cidade diferente da dos meus pais, já dou uma puta despesa pros coroas, se nem meia entrada tivesse, eu abdicaria do cinema... Passaria a comprar os filmes no camelô... A única coisa que eu posso dizer é que é um pouco exagerado... Mas não sou contra...

Aztronauta disse...

Ah, antes que eu me esqueça, dá um pulo lá no meu blog depois e veja como passar o pior fds da sua vida numa cidade muito foda...

Anônimo disse...

Tbm acho.
Ainda mais que eu parei de estudar

Anônimo disse...

Não sou contra a meia-entrada, sou contra as carteiras falsificadas.

E cursinho de inglês, corte-costura ou sei lá o que realmente não conseguem meia-entrada.

Pago meia-entrada pois faço mestrado. Mesmo assim não basta minha carteira de estudante da Uerj, tenho que apresentar junto o comprovante semestral, que é pra eu não continuar sendo beneficiada depois que acabar o curso.

Já aconteceu de ter que pagar inteira pq não tinha feito matrícula ainda e não tinha o comprovante novo.

Como sempre concordo com o bom senso do André, um dos meus bípedes favoritos. A culpa do ingresso caro é da ganância dos empresários e não da meia-entrada.

Unknown disse...

A meia-entrada não é ganância de produtores. Talvez seja, em boa medida, uma burrice dos estudantes, que pensam que ganham algo com ela. Por conta das leis de meia-entrada, todos, ou quase todos, os espetáculos têm preços dobrados nas bilheterias. Além do mais, é preciso que os estudantes tenham a mínina consciência. Essa lei obriga os artistas e produtores a darem meia-entrada sem nenhum subsídio do Estado. Onde já se viu! Quem ai foi no médico, apresentou a carteira, e ele cobrou meia-consulta? Quem já foi no supermercado, apresentou a carteira e pagou meia-conta? Quem já foi ao advogado, ao padeiro, ao dentista, ao hospital, ao sei lá o quê mais, e pagou meia pelo serviço prestado por eles? Portanto, porque a classe de artistas e produtores, que é bastante sufocada no País, tem que dar parte da força de seu trabalho para financiar a cultura do País. Isso não é função do Estado? Quem tiver a mínima consciência, escute o que digo. Passei aqui sem querer. Não voltarei mais. acerdito, com boa vontade, que 95% dos artistas vivem à mingua, com níveis de vida bem abaixo dos de muitos dos estudantes que pagam meia em seus espetáculos. Isso está errado. O mercado tem que se autoregular, para o bem de todos, inclusive dos estudantes, que entenderão, um dia, que a equanimidade e justiça também são questões culturais. Precisamos mudar a nossa cultura do "só venha a nós ao vosso reino".
Só para completar. Não sou artista, nem produtor. Sou profissional liberal e odiaria que os governos fizessem caridade com o meu dinheiro.

Abraço e reflitam