janeiro 28, 2004

Comentando com uma amiga

A indicação de Cidade de Deus ao Oscar, ouvi o seguinte comentário:

Nada como se fazer um bom videoclip ...

Ok. Não sei o porquê do preconceito com as coisas realmente boas que Pindorama consegue produzir. O filme é bom. É ótimo. É maravilhoso. Pode-se não gostar do ritmo frenético, pode-se não gostar da tal "estética da violência", mas inegável a qualidade do filme. Qualidade que vai do figurino à fotografia, passando por uma montagem incrível e um roteiro primoroso.

Por isso, compara-lo ao um videoclip é no mínimo, preconceito. Mas cada qual, com seu cada um. Tem gente que acha acha Eu, Tu, Eles o máximo. Fazer o que. Nada de comparações, portanto.

Cidade de Deus é um filme brasileiro com cara de não-brasileiro. Por um lado isso é bom; por outro, ruim. Bom porque mostramos ao mundo que sim, podemos fazer cinema de qualidade. Algo que já fazemos a um bom tempo. Não esqueçam de Glauber, do Pagador de Promessas, das Chanchadas, de Eu sei que vou te amar, Bye Bye Brazil, entre tantos. O lado ruim fica por conta de falhas, na minha concepção inconcebíveis, nos pequenos detalhes. Mas a gente sabe que tudo isso acontece porque Pindorama é pobre. Aí, nêgo .. é foda.

Mas é bom que se façam filmes. Independente de tudo. Bom, ruim, péssimo, ótimo. É bom que se faça filme para o público. É. Pra mim, pra você. Nada de filme pra prêmio. Filme pra galera. Biscoito fino para a massa.

Finalizando com uma notinha da coluna do Xexéo, que eu assino embaixo:

Apesar do sucesso de bilheteria de “Cidade de Deus� e do evidente talento de Fernando Meirelles, quando o filme estreou no Brasil o cineasta foi visto como um estranho no ninho. “Linguagem publicitária� foi o mínimo que se disse do filme com um certo toque de desprezo. “Estetização da violência� foi o máximo. A indicação ao Oscar é um belíssimo cala-a-boca na turma do contra. Pode ser que “Cidade de Deus� tenha mesmo “linguagem publicitária� e faça mesmo uma “estetização da violência�. Mas Fernando Meirelles chegou lá, ao lado de Clint Eastwood e Peter Weir. Deve ter muita gente mordendo a língua hoje.

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