outubro 17, 2003

Maria Rita

Ontem foi dia de Maria Rita. Gostei muito do show. E vendo a reação do público entendi porque ela demorou tanto para se lançar como cantora. Os órfãos de Elis, ávidos e secos e carentes de sua musa, vidrados no palco, olhos vibrando, comparando cada gesto que ela fazia com os gestos que Elis fazia. Ok. Ela é filha, parece, tem o mesmo jeito, mas até aí ... nada. A gente mata aquela saudade, viaja no tempo e só. Ela é Maria Rita e dá pra ver que ela NÃO é Elis. Apesar do mesmo sorriso, apesar do timbre igual, canta menos que a mãe, no sentido de potência vocal, e não tem aquela coisa, aquela aura e aquele whisky todo que a Elis tinha. Enfim, a garota tem personalidade, bom repertório, ótima banda, mas não é a Elis. Por mais que as pessoa delirem e urrem a cada gesto que ela, ela não é a Elis. Porque digo isso insistentemente: porque os órfãos da Elis podem atrapalhar. Porque daqui a pouco ela resolve gravar um disco só de samba e essas pessoas vão rejeita-la. Perigo, sinal de alerta. Mas nada que comprometa. Ser filha de quem ela é tem seu peso e ela, por enquanto, está sabendo lidar com isso.

Meninas, prestem atenção no Da Lua, o percussionista. Loucura, loucura, loucura. Lindos braços.

Mas e Maria Rita? Canta muuuuuuito. Tem técnica apurada, não tem potência. Não é Bethânia, saca? Nem Gal, acho que nem Marisa, mas vai chegar lá. O CD é ótimo. Comprem. Mas não comparem. A moça tem seu jeito mesmo cantando umas musiquinhas chatinhas do Marcelo Camala, quer dizer, Camelo.

E para os que me chamam de chata. Gostei muito de uma música que ele fez para ela, que não recordo o nome agora. Linda música. Uma que fala de saudade. Esqueci o nome. E só, tá? Sou democrática, mas não boazinha.

Nenhum comentário: