março 04, 2003

Salgueeeeeeiro Vermeeeeeeeelho ...

"balança o coração da gente ..."

E foi assim, caros leitores, que Narinha entrou na Sapucaí: suando em bicas, evaporando cerveja, se esgoelando no samba, mas transbordando alegria. Não fiquei tão emocionada quanto pensei. Muita adrenalina e pouca pieguice. Quando me dei conta já estava ali (sem trocadilhos, ok?) e foi tudo muito emocionante. Do desfile mesmo, não vi nada. Muito menos da escola como um todo. As fantasias eram gigantescas e tudo que passava por mim eram esplendores, plumas e paetês. Só pra não dizerem por aí que estava em outro mundo, lembro do carro de som, do branco predominante da minha ala e do carro que vinha logo atrás.

Cheguei na concentração às 20h. Parcialmente vestida, tomei duas cervejas enquanto observava o movimento. Os carros, muito próximos, limitaram nosso espaço. O diretor de ala meu deu uma mão na hora de trocar a parte de cima da roupa. Tinha colocado errado. Os adereços, dentro de sacolas de lixo, tinham que ser atentamente vigiados. Um estresse inesperado. A fantasia era grande e deu trabalho em todos os momentos. No táxi, na concentração, no desfile, em casa. Ano que vem quero sair de índia!

Hora de se vestir e a trabalheira me deu uma certa irritação. Sobe, desce, abaixa, puxa, amarra. Suor, suor, suor. Ok, ok ... o Walter Rosa passou do meu lado e tudo ficou legal. Momento muito breve se comparado ao "estresse fantasia". Mais gente chegando, mais fantasias chegando, plumas no meu rosto, diretores de ala gritando e eu prontíssima para desfilar. Meu "quase" porre se esvaiu em suor. Sóbria, pero no mucho, fui saindo da concentração. Logo atrás da bateria, já desfilei com o público frio. A escola, imensa, cansa mesmo quando empolga.

E por falar em empolgação, pulei, cantei, gritei, pedi aplausos, balancei meu estandarte, dancei horrores e cheguei na dispersão exausta, ainda mais suada. Foi bom, muito bom. Rápido como eu pensava, porém muito intenso. Valeu mesmo com a correria do final. Tendo já escrito um livro e desfilado numa escola de samba, só me resta ter um filho e plantar uma árvore para tornar minha existência completa.

Ganhamos o Estandarte de Ouro, um péssimo sinal que vai salvar o cinquentenário da Escola.

Foto de Márcia Foletto
Último carro da escola homenageava o enredo "Peguei um Ita no Norte"

Nenhum comentário: