fevereiro 25, 2003

Segunda sem lei?

E desde quando há lei nessa terra de Marlboro chamada Rio de Janeiro? Como bem antecipou Chico Buarque, todo dias eles fazem tudo sempre igual. Triste é perceber que lentamente nos acostumamos com a violência. Criamos um sistema próprio de sobrevivência ou algo parecido. Faz parte de nossa rotina estar sempre em alerta, sair sem jóias, deixar o carro em casa ou pensar duas vezes antes de caminhar na Lagoa à noite.

Cidade maravilhosa? Só para o Manoel Carlos e sua novela fake. Vivemos uma guerra civil mascara por samba, cerveja e futebol. Sorte termos um gente preguiçosa, que nos faz acima de tudo acomodados e bem humorados. Tiramos de letra as mazelas da vida.

Fernandinho Beira Mar, nosso governador, reclama sempre que o poder paralelo - o governo - pisa em seus calos. O homem que salmão e visita íntima! Ontem, a Rede TV, num ato desesperado por Ibope, deu trela a um bandido, colocando-o ao vivo. em pauta: suas reivindicações.

Ah tá .. claro, claro ... Direitos humanos na minha terra é chumbo na testa. Defende bandido quem nunca teve um revólver apontado na cara. Que tipo de vida terá um traficante como Don Fernando após anos de cadeia, se nem na cadeia ele pára de "bandidar"? Boba foi a Bené. Devia ter invadido Bangu e mandado bala. Salvemos nossas crianças. Essas sim, com algum tipo de futuro (ainda que tenebroso) pela frente. Bandidos que já nascem bandidos, merecem por tudo que fizeram a muitos, morrer. Não tenho piedade. Nem quando vejo famílias esparramadas na praia de Copacabana, transformando o principal cartão-postal da cidade num chiqueiro. Problemas este país têm muitos, mas quem quer trabalho acorda às 4h e vai procurar. Corre atrás, estuda, como muitos exemplos que vemos todos os dias. Quem quer uma vida digna não reclama, não fica sentado na rua, alugando filho dos outros e pedindo esmola mesmo tendo onde morar e saúde para trabalhar.

E da segunda-feira sem lei tiro uma conclusão íntima e pessoal: não posso andar de metrô. Fico extremamente enjoada.

Nenhum comentário: