dezembro 29, 2002

Sábado de preparações para o reveillon. Pude enfim, curtir minha casinha e dar um jeito na bagunça. Fui a Ipanema e depois andei em Copa. Programa de índio. Copacabana é quase um centro da cidade, quase uma favela de concreto, quase uma porcaria por inteiro. Moro lá, mas detesto o bairro. Salvo algumas exceções, triste lugar.

Muita gente, muitos camelôs, pouco espaço. Corri para casa. Há dias em que detesto gente.

À noite chope no Hipódromo da Gávea. O chope em si não é lá essas coisas. Gosto dos petiscos e do clima Baixo Gávea. Tenho boas lembranças do lugar. Papo agradável. Roberta riu das minha aventuras em pleno sertão brasileiro.

Contei a Lobão minha regra número um para estabelecer locais de viagem: nunca vou a países mais pobres que o Brasil. Miséria vejo aqui mesmo. Vi agora indo de Salvador a Serrinha. Vi quando fui de Salvador a Fortaleza, de carro, em 1987. De lá pra cá, pouco mudou. Como diz meu pai, no sertão o povo sobrevive de teimoso que é. Qualque viaduto em São Paulo, ainda segundo ele, é melhor que o chão rachado e seco do sertão. Meu avô conhece de perto essa paisagem e se delicia com o chuveiro ligado jorrando água. O trauma persiste e na construção da casa nova em Serrinha fez um tanque de água que mais parece uma piscina olímpica.

Conceba sua vida sem água e veja como são as coisas. Indo para Serrinha, vi na cidade de Santa Bárbara uma fazenda as secas, quase marrom, quase deserto australiano. Nela, cinco vacas disputavam uma pequena sombra de uma solitária árvore.

Vidas Secas, de Graciliano, in loco. Lembrei da cachorra Baleia.

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