dezembro 27, 2002

Saudades

Volto da boa terra saudosa do meu blog. Êta vício. Penso em tantas coisas para escrever e esqueço de todas elas quando sento frente ao computador. O tal Ginko Biloba anda mal das pernas. Continuo me esquecendo de tudo.

Saudade também dos amores e amigos. Da Matriz e do meu Rio de Janeiro querido. Digam o que quiserem, mas essa cidade continua imbatível. Vou sempre pensando na volta, apesar de gostar muito das terras de São Salvador.

Quando chego por lá sempre tenho que responder perguntas incríveis sobre a violência carioca. A imagem que se tem do Rio de Janeiro é a mesma que se tem da Faixa de Gaza. Não sei se já nos acostumamos e achamos tudo isso muito banal. Quem mora longe estranha tantos casos de balas perdidas, assaltos e arrastões. Acho que somos como os israelenses. Bombas e tiroteios caem na vala do lugar comum. Assim como os baianos gozam do título de festeiros do Brasil, cariocas são vistos como sobreviventes de uma guerra diária. Pobre coitados que vivem ente balas perdidas e traficantes. O charme fica por conta da globalização e status de capital "muderna" deste imenso Brasil.

Saí da Bahia em 1975. Tinha três anos. Toda a minha família nasceu em Serrinha, cidade do sertão, a 30km de Feira de Santana. Cidade pequena, porém decente. Serrinha, a princesinha do Nordeste. Lá moram meus tios, nasceram meus avós, irá morar meu pai. Gosto mais de Serrinha que de Salvador.

No interior descobrimos o quanto este país é grande e diferente. Uma coisa é ver no cinema, no colorido das lentes de Guel Arraes o Nordeste seco e agreste. Outra é ver de perto. O sol forte, a vida lenta, o povo vivendo de teimoso, como me disse meu pai. A caminho de Serrinha vê-se o povo pobre e miserável. O chão duro. A vida pacata, calma e barata. Meu irmão se gabando de um cachorro quente de R$ 0,40. A comida com sabor de fresco. A vontade de sentar na sombra, tomar cerveja descalça, curtir o vento e o parque de cidade pequena com pipoca colorida e maçã do amor.

Serrinha podia ser logo ali.

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