agosto 30, 2002

A velha

Ontem fui comer nhoqui com um amiga. Achamos uma cantina italiana em Copacabana. Um daqueles lugares que só Copacabana tem. Não gosto de morar lá, mas admito que Copacabana é um bairro surreal. Tem de um tudo. Creperia francesa, cantina italiana, loja de putaria, boate de swing ... para todos os tipos, gostos e tamanhos.

Na cantina, uma velha (muuuito velha) e magra (muuuuuito magra) saboreava sozinha, no cantinho do restaurante, um chope e dois pães de alho. Detalhe: sobre a boca do copo de chope, um guardanapo. Velhos hábitos não morrem jamais. Conversando, esqueci da velha. Quando me lembrei, olho para trás e lá está lá devorando um enorme prato de macarronada e uma taça de vinho tinto.

Essa é das minhas.

Fiquei olhando aquela figura e criando uma biografia pra ela. Ex-puta ... dançarina de cabaré aposentada .. ex-amante de político importante ... ela me lembrou um personagem de Fellini. Muito maquiada, o rosto coberto de pó de arroz. Usando peruca, chique, muito chique ... quando saí, cruzei por ela e ganhei um simpático sorriso.

Só Copacabana mesmo.

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