abril 29, 2003

Cinema naif

Não gostei de Carandiru. Achei o filme ingênuo e sem ritmo. Toda hora alguém pára para contar uma historinha que até hoje não sei sei se é para causar pena ou algum tipo de "justificativa" social que nos faça sentir culpa por aqueles homens estarem vivendo em condições abaixo da linha de pobreza ou sei lá como isso se chama. Filmada de forma linear ou mais criativa, talvez rendesse algo que tivesse valido minha ida ao cinema. Achei o filme colorido demais, com pausas demais, ingênuos demais. A primeira cena é confusa. Eu começaria pela chegada do médico no local. Afinal, vemos Carandiru sob o seu ponto de vista. Rodrigo Santoro não convence como travesti. Talvez pela sua imagem de galã global, talvez por ser bonito demais. Gosto da cena da enfermaria, gosto do personagem "Sem Chance". Mais ainda assim saí do cinema com aquele gostinho de "quero mais", de que tudo aquilo podia ter sido melhor.

Só para esclarecer: não tenho pena de bandido. A menor. Digam que a sociedade é injusta, digam que o meio transforma, digam o que quiserem, mas não queiram me convencer de que alguém que sequestra alguém ou que assalta um carro forte faça isso para matar sua fome. A ocasião faz o ladrão e concordo que muitos dos traficantes que fazem o Rio de Janeiro ser o que é, portam nas mãos uma arma por pura falta de opção. Mas ainda assim não vou defende-los. Fique na frente deles para ver o que acontece. Quem defende bandido nunca teve uma arma apontada para a cabeça.

Enfim, não defendo o massacre de Carandiru. Acho que sim que a polícia cometeu exageros e que não precisava ter feito uma carnificina. Devia ter entrado e apaziguado a situação. Afinal, violência gera violência.

O que me incomodou no filme foi sua visão ingênua e um final deveras piegas. Aqueles depoimentos são patéticos, superficiais. Não gostei. Foi uma oportunidade desperdiçada. Talvez um documentário, talvez algo mais cru, mais ocre, mais puxado para a violência que rolava ali dentro. Sei que não gostei.

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